quinta-feira, 31 de julho de 2008

COMO VOCÊ...


DEGUSTAÇÃO - Bico de pena e aquarela (Técnica mista) sobre papel fabriano.


Que egoísmo esse meu
É querer ter você.
Principalmente assim
Antropofágicamente
Degustativamente
Pra te comer.

Que fanatismo o meu
Te querer,
Desejar,
Assim, só p’ra mim
Te dar de comer.

Como
Você!
Com os olhos, as mãos
Boca e a língua
O nariz e ouvidos
E teu coraçãozinho
Por fim.

A cada pedacinho de ti
Sinto que na realidade não te como
Como, como você
E você
Também, come a mim.


Pra Tú, em 10 de novembro de 2001

quarta-feira, 30 de julho de 2008

DE EU PRA TÚ


Choro/ Bico de pena (Nankim) sobre papel canson - 1981


O mundo é real
Os dois também
Quase sempre
O mundo dos dois
É o mundo
Um fina linha
Um fio
Um campo de força
Os dois
Os dois mundos
Amor
Do ódio à dor e (com) prazer
O limite existe
Os lençóis, a cama, o cheiro
O sabor do nosso amor
Afastados os dois mundos
Os dois, o mundo
Como um halo, um campo protetor
Os dois neste momento
O tempo
É de prazer
Quando sobre a seda ou algodão
Flutuam
O real, o gozo dos dois
Os amores são mundos
Muitos amores, que se dão
Um ao outro
Um mundo
Que bom que há mundos paralelos
Entre o real e o amor
Quem sabe um dia, um momento
Por um minuto ou segundos
Sejam um
O amor real e o possível
Os dois também.

Para “Ninha” (nóia)! 2001

terça-feira, 29 de julho de 2008

DIREITOS


Composição (Dualidade) - Bico-de-pena sobre papel canson/ 1977 (Coleção do artista)


Meus direitos
São meus
Os seus
Os nossos
Vós
Tendes
Direitos
Ó meu!
Direitos
São direitos
Esquerdo por vezes.
É não
Pensares
Nos direitos
Meus e seus.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

SAUDADES


FOTOARTE - Feira de São cristovão (Xuxa de bicicleta) 2005


Dizem (é aquele negócio de ouvi dizer) que saudade é uma palavra nossa, que só existe na nossa língua! Não sei se isso é verdade, ou não, e na realidade nada vai diminuir, amenizar qualquer saudade que seja. Qualquer saudade que sintamos, nada vai mudar.
Saudade é coisa rara, única, ímpar e assim começo essa resenha, falando do que vi, ouvi e senti num cantinho erguido em homenagem a saudade.

Fiz um programa de cabeça chata, nortista, baiano, ou seja, de Nordestino e com muito orgulho que tenho de minhas raízes. Fui à feira de São Cristóvão, também conhecida como “feira do Paraíba”.
Assim que agente se aproxima vê a construção ondulada que de cara lembra um imenso, enorme, chapéu de couro de sertanejo. É assim como um grande ginásio em termos de tamanho. Estacionamos o carro e de cara entramos pelos fundos, coisa de nordestino sem muitas convenções. Meus primos foram logo dizendo que a coisa tinha melhorado muito, que antes era uma feira de mangaio, feira do passarinho, algo assim meio muito esculhambado, avacalhado, sem nenhuma organização e principalmente sem asseio, higiene zero. Bom, é isso a que estamos acostumados a ver em nossas feiras livres. Normal.
Mas houve a reforma, agora as novas acomodações são bem organizadas, tem as lojinhas e corredores labiriínticos, mas tudo muito arrumadinho (não vamos exigir demais), e muito asseado (imaginando-se como a coisa deveria ser antes).
Fomos em direção à entrada, pra ver a estátua do velho e bom Gonzagão, a escultura é um bronze em tamanho natural (creio que aumentaram a altura dele só um tiquinho) retratando ele nos seus bons tempos tocando sua sanfona. Fiz pose ao lado da escultura tiramos fotos e quando resolvi fotografar a escultura compatriota, um patrício, ou melhor, um irmão e me perguntou?

- Quanto é a foto? Eu quero tirar uma!

Pronto! Logo vi que tava no Nordeste! Em pleno Rio de Janeiro, daí por diante é só abrir os olhos e o coração e ver, sentir. Não há como se perder é um emaranhado de becos com biroscas de todo gênero que bem poderiam estar em qualquer Caruaru ou Arapiraca do nordeste, a cada dois paços um som diferente, do forró mais escrachado, esculhambativo ou espaiante, seja xote ou xaxado, brega ou forró eletrônico a música não para, é uma confusão do futi (referindo-me aqui ou famigerado pé preto). É capaz de você endoidecer, mas depois, com um tempinho suas oiças vão se adaptando e vem uma sintonia fina e você passa a filtrar os sons. Aí sua audição fica bastante seletiva.
Bom, como se isso não bastasse pra onde danado você espia, só vê nordestino, ou pau de arara como os cariocas na sua malandragem, meio que ignorante costumar zonar conosco. Rapaiz, homi e essas meninas, o negócio é confuso, de repente você é sugado para uma dimensão paralela e aí não se sabe mais que estamos no Rio, agora estamos na sonhada Pátria dos nordestinos, cantada e decantada pelos poetas, onde gente de todas as repúblicas nordestinescas se amalgamam e tornam-se um só povo, um só sentimento, uma só cultura. A saudade.
Sabe aquela nossa gente que freqüenta a feira, a dona daquele freje, o cabra de chapéu preto, a bruaca, a rameira, o veio, os meninos, a peituda fantasiada de meio Xuxa, meio Minnie em sua bicicleta escalafobética, a confusão, a gritaria, a risadagem, as cachaças com tudo que é fruta dentro, aqueles enormes vidros de pimenta é quase o caos! Pois então, tudo isso reunido num lugar só. Uma alegria sem igual, uma coisa de maluco, doido, ou melhor, dizendo coisa de Nordestino, de uma gente aloprada que somos nós. Gente que traz a alma, corações e corpos cheios de saudades que trazem a cada dia de feira um muitão de sua alma, de seu ser, do jeito que só nós sabemos, e abre-se a esta energia, este sentimento de resgate, amostra a todo mundo que quiser ver o quanto somos autênticos e expressivos.
Um coloridão um amontoado de panos, sandálias, artesanatos, e brebotis os mais diversos pra quem quiser sentir, recarregar as baterias, viver.
Dentro temos uma rua principal, um corredor mais largo que de uma ponta a outra interliga os dois palcos principais que tem sempre algum grupo se apresentando com as nossas coisas, músicas e danças. No centro um espaço tipo uma pracinha onde quatro violeiros se destratam com aquelas suas vozes e rimas conhecidas a embolar e improvisar durante o dia todo.
Muito cordel, raiz de seja lá o que danado for, chás tipo quebra pedra, garrafadas e queijo qualho e manteiga, gente sem dente, mas sorrindo, gente que está precisada de rever sua gente, é o lugar certo pra isso.
Creio que tem gente aqui que não vai ao seu cantinho, no seu pedacinho de chão há muitos e muitos anos, décadas, e talvez nunca mais volte por lá. Mas com certeza a saudade é amenizada, e olhem, tudo aqui é de vera, nada é armado ou feito pra turista não. Tudo tem alma e coração.
Este com certeza é um outro pedaço do Rio, que vale a pena conhecer, apesar de não ser turístico, creio que se cada visitante ou mesmo carioca desse uma passadinha por aqui, até a saudade de quem não tem saudade seria saciada, e ao sair daqui, a saudade se instalaria como “chama que arde” no coração de cada um de nós.


Um saudoso e fraterno abraço

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A BESTA É FERA



Composição/ Rosto em chamas - Caneta bic sobre papel de caderno - 1973 (Acervo do artista)


O após-calypso das nossas mágoas
Não acabaram em samba
Quanta tolice
Alfinetadas profundas, o dedo numa ferida a cicatrizar
Burrices de ex-relação
Ex-amor, ex-canção.
Encheção de mares de mágoas, gotas de turbilhão formam um imenso oceano de ré-sofrimentos
E a providência indigna de uma vingança pequena, pobrezas da tua alma.
E eu aqui de longas pantuflas, calças boca-de-sino, vivendo uma época ultra-passada, a espera da minha pretensa algoz, ou pelo menos de um belo amor-feroz.
Calças curtas, nunca mais, ninguém me pegará, nem ao meu machucado coração, nunca mais.
Mesmo que ainda me curtas, a pena e desprezo que me despertas me faz ver-te como uma bestafera.
Penas do tiê dedico.
Milhas quilométricas me lanças em distância incomensurável.
De besta, ficas uma fera
Intreveros
Quanta tolice
Na realidade, meu desprezo dedico a tua porção besta.
Fera.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O FRIO



ABSTRATO - Bico de pena sobre papel canson/ 1988


Sinto-te na pele e nos pêlos, arrepio-me só de pensar em ti!
Me fazes sentir coisas tão diversas.
Encolho-me
Estico-me
Contorço-me
E faço a maior ginástica pra conviver contigo.
Es envolvente, voluptuosa, incansável nas tuas formas de me tocares.
Depois, ah, depois...
Fico mole, com aquela vontade de não sair da cama, agasalhar-me e ficar ali na moleza da tua companhia.
As vezes sinto os ossos doídos, depois de uma noite contigo.
Adoro quando vens, é minha companhia de refrigério.
Ao teu lado, por incrível que pareça, produzo mais.
Minhas companheiras não te aceitam, geralmente não gostam de ti.
Não sei se sentem ciúmes, insegurança, ou simplesmente frio.
Es a melhor fase dos meus anos.
Aguardo-te ansioso a cada chegada.
Como gosto de ti inverno.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

PARA CRESCER


Da série Eco-Ilógicos/ Ainda remai contra a maré - Gravura de tiragem limitada.

Não é preciso que eu seja outra pessoa quando eu crescer.
Nem você.
Apenas precisamos, SER.
Quando estamos todos, ou qualquer um em fase de crescimento, físico, os ossos doem, as juntas rangem, a voz se transforma, os mamilos crescem, os hormônios causam furor e coisas as mais inesperadas acontecem. Mas não deixamos de ser quem somos.
São os ajustes naturais de quem está vivo e aceita crescer.
Apenas agregamos metamorfoses naturais do ser.

Não preciso ser outro! Nem você.

Eu preciso ser vivo e assim viver, de verdade, aproveitar a vida e você?

Não quero que você se transforme em outra, eu não preciso ser outro para crescer e aprender, guardar o que me convém, e principalmente usar o que me foi dado.

Você não precisa mudar ao ponto de se perder! Nem eu perder você.
Você não precisa exigir que eu seja outro e me perder! Para ser verdadeiramente você.

Eu não preciso sofrer! Nem você.

Nós não precisamos sofrer.
Sofrer não é bom.
Ser feliz é.

Remar contra a correnteza é cansativo e desgastante. Tem uma hora que a correnteza ganha, é da natureza ganhar.
Mas para que a nossa natureza ganhe é preciso muito sentir, pensar e procurar o caminho mais suave.
Saber, saber.
Saber o que se quer, ajuda.
Saber como se quer, adianta.
Sonhar, desejar, planejar e fazer faz parte do saber.

Só assim nossa natureza é feliz.

De outra forma seguimos preceitos e preconceitos, normas e dias de outros. Não somos nós somos eles.
Os pedacinhos dos outros triunfam. E passamos a ser uma colcha de retalhos mal ajambrado, de péssimo gosto que nem aquece e ainda por cima é curto.

O que é nosso já está dentro de nós.
Basta seguir a natureza.
Permitir que ela aflore.
Aceitar, para não sofrer.

Fiz esse escrito há tempos atrás, quando ainda acreditava que poderia encontrar aceitação em alguém que passou ao largo.

terça-feira, 22 de julho de 2008

DIFERENCIAL

Universo Paralelo - 2005 / Rio de Janeiro - Acrílica sobre tela


Alto lá! Para os jipeiros, caminhoneiros e truckeiros de plantão, não estaremos aqui tratando de quaisquer tema automobilístico legado a mecânica ou algo similar.

Gostaria de relatar um novo conhecimento que veio corroborar minha teoria anterior sobre o comportamento atual das “garotas”, mulheres que estão no mercado de homaração (ficação, paqueração ou qualquer outro ção) e que se encontram absolutamente abestalhadas sem saber o que danado fazer pra encontrar o homem que as faça feliz (devo dizer de soslaio que não creio muito que isso seja possível) mas, vamos em frente.

Há alguns anos atrás, quando me encontrava solteiro outra vez (depois de um lonnnngo inferno, desculpe, quero dizer, inverno), me deparei com um novo e curioso comportamento por parte das mulheres.

Entrei num túnel do tempo, quando casei, fiquei num universo paralelo e retornei dessa dimensão em “outro tempo”!

De cara observei e senti que elas, as mulheres de plantão, estavam absolutamente desvairadas em busca de alguém, pra ficar namorar ou simplesmente transar (por produção). E para tal usavam qualquer artifício possível ou impossível e algumas mais afoitas com uma grande dose de vulgaridade às vezes e quase sempre sem a menor criatividade nem tampouco senso de valorização dela como mulher.

E os babacas de plantão adoram isso! É tudo tão mais fácil para eles.
Grande oferta!
Pernas facilmente abertas!
Compromisso zero. Rodízio de xoxotas a granel, vale mais que mais come ou dá a perereca.

Os termos podem até soar vulgares e grosseiros, porém é assim que me chega o assunto, grosseiramente vulgar.

Posso até não ter eco nesta minha observação, ou parecer antiqud(r)o, mas...

A impressão (digital, ou seja, os dedos delas em mim..) que eu tive ao voltar ao mercado da busca pela mulher desejada era a de que a máquina do tempo digna de filme de ficção científica e tinha passado do ponto, e do outro lado ao sair tinha dado de cara com um futuro muito doido onde isso pra mim há bem pouco tempo seria difícil de imaginar.

Vejamos a cena; uma mulher paquerando diretamente, tomando a iniciativa (até aí tudo bem) e sendo incisiva em demonstrar inclusive com palavras atos e o que mais for possível que ta afim de alguma coisa ou muita, sem aceitar negativa ou rejeição!
Sem respeitar bom senso, simancol ou índice de auto-ricularização.

E se você seja lá por que razão, não quer, essa (a desesperadarenitente) insiste, persiste e não desiste e dá qualquer jeitinho (ou dá outras partes do corpo dela) pra poder lhe ter.

Caretice? Burrice? Antiquadrisse?

Bom, eu nem vou entrar aqui em considerações sobre vestir-se de maneira excessivamente vulgar e gratuitamente provocativa com decotes que mostram do biquinho (as vezes bicão) do peito aos primeiro pelos abaixo do umbigo. E a famosa calça baixa que mostram as calcinhas (verdadeiramente qual o sentido de não se poder descobrir isto na intimidade), e o silicone e a lipoescultura banalizou-se, dos 12 aos 80 não se encontra mais nenhum peitinho natural, nenhuma cinturinha sem prazo de seis meses de validade (a gordurosidade volta com certeza), tudo maquilada cirurgicamente ou botóxicamente, o homem não sabe mais em que é que realmente a gatinha irá se transformar alguns meses depois (isto pois as relações atualmente em sua maioria não duram nem meses), e a oferta é grande, de norte a sul, baixinhas charmosas, magrelas a la Bundchen (algumas anoréxicas), cheinhas boazudas, portadoras de calcinhas com enchimento bundal ou com aqueles saltos enormes pontiagudos que agente não tem a menor idéia como elas conseguem equilibrar-se na buraqueira das calçadas irregulares (deve ser pra isso que malham tanto). É necessário ver Freud e ler mais sobre fetiche, substituição e inveja do falo!!!!!!!

Só para as mulheres... Ter esse conhecimento é uma sacada do caralho!

Bandos, grupos cada vez mais numerosos dessas “mulheres” a disposição, e com total disposição, diria mesmo numa sanha feroz de marcar pontuação na carteirinha de trepadas e sexo vazio. É só querer!

Os rapazes (homens) nem precisam olhar duas vezes, nem precisam achar que elas são “interessantes”, não precisam flertar (que diabo de palavra é essa) seduzir, nem pensar isso demando mais que um segundo de olhar e piscada simultânea, conquistar! Nossa isso deve dar um trabalho arretado, e pra que tudo isso se qualquer uma tem o mesmo tamanho, caras e bocas e seja lá mais o que for. Como escolher uma mulher neste mundaréu de peitinhos, bundinhas e b... Todas tão iguais e em profusão.

Tudo tão igual como às rugas do culhão!

Creio que a Internet e suas salas de bate papo, sites de namoro e sexo virtual, e comunidades do gênero também colaborou muito para essa transformação banalizadora.

Na vida real o comportamento virtual se adequou e banazou a diferença, ou seja, o diferencial acabou.

Quero deixar bem claro que essa minha resenha não tem qualquer cunho hipócrita e de falsa moral. Sou absolutamente a favor dos avanços, mudanças, da metamorfose. Mas para melhor, para valorizar uma coisa mágica e indispensável, as relações humanas, a relação entre homem e mulher, sem a qual estaremos muito próximo do comportamento instintivo atiçado pelo apelo e(u)rótizado, a luxúria global.
Homem e mulher estão ai pra isso, pra se conhecer, se seduzir, se conquistar e se amar muito, fazer amor e sexo de verdade, sexo é vida, é o que há de melhor.

Do que vale uma mulher que deseja tanto o seu sapo que quando se depara com o príncipe não sabe o que porra fazer! Desejar o natural, querer uma relação real para se portar que nem cachorro diante do caminhão de mudanças (O cachorrinho corre, ladra, faz o maior alarde e quando o caminhão para ele não sabe o que diabos fazer).

Frases prontas e vazias, repetidas mecanicamente pelas conquistadoras de plantão que andam a caça todo santo dia.
Razões, ah como elas se acham donas de todas as razões que apóiem suas fajutas, modorrentas justificativas.
Soluções aplicadas com muita vaselina, com violência de estupro, força do bruto, em que se permitiu transformar a linda relação entre homem e mulher.

Falo por experiência própria eu sou fã do filme Don Juan de Marco, aquele com o Jonny Deep e Malon brando onde o personagem principal acredita ser o próprio mestre da sedução e conquista, onde ele mostra ao velho terapeuta que a loucura é não amar, não seduzir, não se preparar para o amor e principalmente, não agir.

Viva a revolução, viva o diferencial, quadris balançantes, cavalheiros beijando suavemente as mão de sua damas objeto de desejo com delicadeza, olhos que se olham, cheiros e perfumes. Viva os feromônios, a umidade e o sal de todos os teus lábios, viva o sexo, amor, a relação, a qualidade ativa, viva a vida.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A VIDA

Sentada - Gravura aquarelada sobre papel de algodão. 1998/99


ÁVIDA por saber.
DE sentir, experimentar, tocar.
VIVER
SEM começo, meio, fim.
VIDA
A escada sem fim traça serpenteios mil.
DÁDIVA
noite, moto perpétuo.
MORTE
É magia onisciente.
NASCER
Morrendo sabiamente.
CONSCIENTE.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

CREIO QUE AQUELAS PESSOAS...

Bebendo chopp e fumando charuto (Pensando que penso) nos Arcos dos Telles

Creio em algumas “coisas”, factos, pessoas.
Poucas realmente, porém suficiente.
Raras certezas insólitas, fulgazes em sua maioria.
Passageiras.
Creio que aquelas pessoas, que são vistas como sábios, por terem em suas mentes um volume descomunal de conhecimento.
Detém um vazio inversamente proporcional e no fim, são patologicamente ocas que precisam preencher seu vazio com algo que as façam parecer sábios.
Como um dente podre preenchido com massa, não perde sua função, apesar de dispensável.
Porém, creio nas pessoas.
Aquelas pessoas.
Especiais.
Cheias de energia, força brilhante, olhar penetrante e um coração repleto de vida.
Essas pessoas produzem factos que me faz crer ainda mais, naquelas pessoas.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

SENHOR! PERDOA MINHA ESTUPIDEZ



Senhor perdoe-me a pequenez absoluta de uma alma atarantada.
A minha.
Mas se era para me tomar, porque me deu?
Se era para me privar por que me permitiu provar?
Sei que tudo o que digo é precipitado e me arrependerei amargamente das más palavras atravessadas e precipitadas que deixo escapar de minha boca afora.
Mas Senhor, se era para sofrer, porque me fez provar do amor e da mais profunda felicidade?
Ele é tão lindo!
Seu sorriso puro, sua essência divina.
Ele é muito lindo.
Uma dádiva que me permitiste viver.
Um milagre de amor que me permitiste experimentar.
Sinto muita falta dele.
Dói-me a alma vê-lo entregue...
Mas, creio em seus desígnios.
Quero jamais ter que vê-lo infeliz.
Meu Pai, se irias me arrastar mundo afora, porque me mostrastes nele, o meu lar tão amado e aconchegante (idealizado) que parecia me acolher?
Se me impulsionaste a “tê-lo”, penso que saberei saborear sua ausência.
Sei, meu Senhor que minha alma ínfima mal cabe a angústia de pensar em perdê-lo.
Sinto muito.
Sua falta meu amor.
Amores.
O reconhecimento das minhas falas.
Minhas conversas, explicações do mundo.
Seus olhinhos procurando minha voz.
Sua atenção incomum a mim.
Que bom, Pai, que esse presente o senhor me deu.
Coitado!
Perdoa.
Eu.

Ao meu filho Rico-lindão, num dos tantos momentos de saudades.

Minha sombra não sou eu.

Minha sombra nas pedras - Fotoarte - Ricardo Araújo.ricaru / 2007

Minha sombra não sou eu.
Com certeza!
Às vezes, me lembra a mim.
Mas, faz parte da luz do meu dia, ou noite.
Dependendo da fonte de luz.
Pode ser nítida como um açoite.
Uma sombra ao humano nunca é danosa quando observa-se sua silhueta, ou movimento.
Minha sombra não me pertence, tem vontade própria.
É “quase” uma entidade.
Então, porque temer.
O que se projeta independente da minha vontade.
Mesmo assim, faz parte de mim.
Sombras de bem fazer, agradáveis redutos da alma abissal.
Nunca refletem, podem até ser, miragens.
Mas, pra que entender as sombras, não é mesmo?
Pra que entender!
Minha sombra.
Não!
Sou eu.

Ao Pincel

Ao Pincel / 1991 (Em Portugal) - Ricardo Araújo.ricaru - Aquarela (Aguarela), aguada, Ecoline.

Teus apelos
Eriçados
Pelos
Suaves
Molhados pelos
Martha
Me deixas
Com cara de camelo
No canto da minha boca
Suaves
Teus
Pelos
Trabalho
Sentindo
Teus apelos.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Flerúmbelo Negoçando e Coisando


Foto-tratamento/ Ricaru


Pode ser declarado, falado ou cantado


Vamos começando negoçando
E coisando bunitinho
Bem gostoso e vagarinho
Esse negóço coisadinho
Tão bonzinho
Negócinho!
Que coisainha boazinha

Molhadinha no pontinho
Negoçada e coisada
Vamú dá uma ximbrada
E depois uma lambidinha
Nessa coisa maciota
Tão coisada apertadinha
Ora veja
Que coisainha boazinha

E assim vamu seguindo
Num caminho negoçado
Tão coisado arrepiado
Que me deixa coisadinho
Seja que jeito tenha
Bem lisinha ou bem crespinha
Amarela ou branquinha
Torradinha bem roxinha
O negóço é ir chanfrando
Pela vida caminhando
Negoçado e coisado
Que coisainha boazinha

Quien quisera num Pará
De dizer como é gostoso
Prazeroso e fabuloso a coisinha gostosinha
Não coisar é fenecer
E os cabelo ver crescer
Nos luga aparecer
Sem negoçar não há lugar
Para a vida aproveitar
Dessa forma chanfraria, toda hora e todo dia
Num chambrinsk bem gostoso, apetitoso e saboroso
Minhas pilha recarrega, crio força redobradada
A cebeça zuni tanto
Reboculoso fico tonto
Sem coisar e negoçar
Vou
Resolver
Me exterminar

segunda-feira, 14 de julho de 2008

As asas(alma) da música (Music)

Rotterdam - Dezembro de 1991


Quando estou mal(sozinho), só preciso de você!
Mas você não existe.
Não estou só por opção.
Então...
Só tenho a mim mesmo pra recorrer.
O que não tem remédio.
Tem música!
Quando estou mal, só preciso ouvir uma boa música.
Daquelas que toca o coração.
Lava a alma.
Que nem cerveja geladinha num dia de sol quente.
De frente pro mar...
Viajo.
Estou só!
Mas minha alma não.
Tantas histórias!
Tantos amores.
N’um só.
Você não.
Ouço a música.
Vibro com os sons, arranjos.
É como...
Gozar!
A música me arrebata.
Transcendo.
Mull of kintyre.
Tradução indizível! Ainda bem.
Obrigado!
Aumento o som.
Já não estou só!
As gaitas o coro, os sons.
Minha alma agradece.
Pode ser também “loose my religion”
Que foi...
Você.
Compreendo cada palavra, sinto cada som.
Quando estou mal, torço o jogo.
Sinto.
Mais.
Choro.
As vezes.
Enxugo as lágrimas.
Sempre.
Sinto coisas que me permito!
Sem você.
Comigo.
Aí vem Shape of my Heart!
Quase estouro os ouvidos, quero mais, repito.
Por você!
P’ra você.
Não.
Por mim.
Mais alto.
Depois.
Só outra.
De novo.
Outra vez!
Você já não me serve mais.
Estou bem.
Eu e a música.
A alma.
Espírito santo.
Amém.

A Difference A Day Makes
Blowing in the Wind
F...Comme Femme
Michele
Rien de Rien
Somewhere Over The Rainbow
Volver a los 17
La Vie En Rose

E muiiiiiiiiiiiiiito mais…

A lágrima dela molhou minha camisa

Minha Gabiela e eu na Prainha/Rj. Janeiro de 2006


E só agora, depois de passado é que eu me permiti chorar!
Ela me apertou, abraçando com firmeza.
Era uma despedida.
Eu já conhecendo esse filme.
Não queria prolongar aquele momento.
Não queria faze-la sofrer.
Nem sofrer também.
Mas ela estava decidida, fortemente segura me agarrou!
Que abraço bom, como é bom amar e ser amado.
E eu senti quando o soluço dela abalou meu coração.
Quebrou ele todinho em milhões de pedacinhos.
Estilhaços do sofrimento.
Ó amor!
Sinônimo à mim, de sofrimento.
Será que tudo é momento?
Quantas separações.
Suas lágrimas foram caindo, assim sem pudor nem controle.
E molharam meu peito.
Encharcaram minha pobre alma sofrida.
Ela é tão jovem.
Eu ainda não sou tão velho.
Mas as lágrimas dela me fizeram sentir um ancião impotente.
Tremi, mas segurei.
Ela levantou o rosto.
Eu tentei sorrir.
Ela também.
Creio que ela percebeu minha agonia.
Sorriu mais um pouquinho.
Aqueles olhos lindos iluminando meu mundo.
E eu assim sem palavras, num raro momento.
Disse; logo agente fica junto de novo meu amor.
Ela balançou a cabeça que sim, isso na verdade não faz muito sentido.
Penso que pensou.
Beijei seu rostinho.
Mais um abraço.
Nos despedimos.
Ela se foi.
E eu fiquei ali atarantado, dando adeus até o último momento.
Até a última visão.
Ela olhava e sorria, acenava mais uma vez.
E outra.
Ela sumiu.
Mas suas lágrimas na minha camisa não.
Agora que ela se foi posso chorar também.
Assim minhas lágrimas se juntarão com as dela em minha camisa.
Meu peito.
Meu coração.


Para você minha Gabiela, ao final das férias, quando mais uma vez tivemos que nos separar, minha filha, meu amor, meu sangue, ar e coração.

Breve estaremos juntos de novo.