quarta-feira, 20 de agosto de 2008

LISTA DE AFAZERES Nº 002


Arte digital/ Tratamento de imagem - EU


Desorganizado! Por natureza.
Então faço listas de afazeres para funcionar
Corações temperadinhos
Com sangue talhado
Fazer farofa de cebola
Com ora bolas e batatas
As favas também
Mas com delicadeza e muito apuro
Pimenta do reino e gengibre
Salsinhas e repolho
Mais coraçõeszinhos
Mais sangue
Muito alho que é anti-bióctico
Detesto ver a cena de escalpelar
Jogar água fervendo nela
Me lembra a música de Soraia torrada
Rio aos montes
Continuo minha listinha
Tantos fazeres
Ah, meus afaze
res

terça-feira, 19 de agosto de 2008

LEMBRANDO


Arte digital - Nú flutuando - 2002


Certa feita, num intróto filosófico, Matilde sabiamente me dizia
Meu amigo...
... a bem da verdade!
Ah! Essa tal de verdade, tem sempre três lados.
Três, questionava eu?
Sim, três!
Vaticinava minha querida amiga.
E quais seriam?
O meu
O seu
E finalmente a verdade.
Calei.

Para minha querida Matilde que tanto me ensinou.
Em Portugal, 1992.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

INFINITOS ESPAÇOS INFINITOS


Arte digital - Borboleta 001/ 1998



Gostaria de provar o seu corpo
Muito ou pouco, mas provar!
Numa manhã dessas eu quero acordar
E ao meu lado lhe ver
Enxergar, sentir, saborear...
Ter você na mente o gosto de tua carne
Seus bicos de peitos e grandes lábios quentes
Gostarei de te morder
Pequenas e grandes mordidas, picantes e carinhosas
Sacanas e prazerosas
Gostaria de morder a sua vida
Num tempo desses eu quero acordar
E ao meu lado lhe encontrar
E ainda adormecida eu olharei
Vida!
E quando a manhã azul chegar
Quero a minha vida em sua vida
Ter
Amar
Então os meus olhos se encherão de infinitos espaços infinitos


Interferência num texto meu de 1977

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

QUE DÚVIDA?


Caminhando (Trípitco 03) Xilo timbragem aquarelada sobre papel ingress



Não sei o que falta
Mas concluo que falta algo, finalmente
Só sei na verdade que você me preenche

Ainda não sei se me faltas
As vezes
Mas acho que isso é “coisa minha”
Da minha cabeça, minha mente
Mas bem sei o que sinto
As vezes não sei o que sentes
Outras também
Sentes

Será que sabes o que sinto de verdade
Só sei o que sinto
As vezes minto
Digo o que sinto e desdigo o que não digo
Mas quase com certeza
Sinto!

Porém as vezes não sei mais nada
De novo
Volta tudo ao começo
Quero você de novo
Outras
Tudo

Já não sei se te quero
Pois se não te mostras
Não

Sei não se também sentes
Sei
O que dizes
Ou não sei
Dúvidas
Sementes

Será que isso importa?

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

UMA ORAÇÃO DE PLANTA


Laranjal - Acrílica e aguada sobre tela (Em portugal) 1992

Senhor meu Deus, obrigado.
Obrigado por tudo que tenho recebido.
Permanecei sempre ao meu lado senhor.
Iluminai meu caminho, Senhor.
Continuai a amparar-me, dá-me forças, perseverança e clareza nas minhas vistas para que eu tenha o devido discernimento mediante o bem e o mal.
E assim possa aprender e crescer sempre.
Senhor continuai a me alimentar de sua energia pura e vital para que a semente da minha vida que a cada dia planto germine e torne-se planta, árvore.
E que essa plantinha tenha suas raízes aprofundadas e que vão longe em busca dos nutrientes e forneça também a segurança que toda base deve proporcionar.
Que eu arvorezinha torne-me forte e de tronco solene e longilíneo nos momentos de sustentação e maleável nas intempéries.
Que desse tronco ramifiquem galhos folhas em quantidade tal que minha copa seja dadivosa, acolhedora de toda a vida.
Árvore fecunda me torne senhor, para que os meus frutos sejam o alimento e renovação de toda essa vida. Que esses frutos nunca cessem.
Que à minha sombra floresçam brotos de minha existência continuada, à minha imagem e semelhança pela obra e milagre de sua essência.
E assim eu cresça, para frente e para o alto, ao seu alcance e que os que minha sombra busquem, encontrem o refrigério e segurança que lhes possa proporcionar.
Que eu viva na eternidade
Que eu me perpetue nos meus
Que eu seja imortal
Em minha alma, meu ser, que eu reencontre o meu Pai, meu Senhor, meu Deus.
Amém.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

I.R.A.



Fotoarte - Vista da Rocinha 003/ Ricaru




Ou, Iranilda na Rocinha Afetivamente.

Nordestina como tantas e tantas migrantes que vieram para o Rio, numa época de esperanças em busca de uma vida melhor, ela, Iranilda da Silva Santificada (Ira pros amigos) nada a ver com o Irish Republic Army! I.R.A., milícia terrorista cristã assassina Irlandesa que aterroriza e mata mesmo, pra valer. A nossa Ira, veio com o seu primeiro marido e cinco dos seis filhos (o mais novo ficou no “norte”) pro Rio maravilha.
A danada já esta na cidade maravilhosa (leia-se rocinha) há mais de vinte anos, ela me conta que já faz tanto tempo que nem lembra mais.
Atualmente é diarista, faxineira e carregadora de pedras nas horas vagas, ou seja, autônoma.
Mas já foi “bem de vida” me contou certa vez que tinha negócio próprio de transporte de gente e que o primeiro marido “botou tudo a perder”.

- Foi mulher sabe! Hahahahahahahahahahaha!
-Sei.
-O danado foi vendendo os carros, sabe daqueles grande de transportar gente, e eu se não abro dos olhos ele vendia também até o meu chão! Hahahahahahahahahahaha!
- E depois?
Depôs ele foi-se embora, foi-se! Cum as mulher, quengar. Me deixou na mão. Hahahahahahahahahahaha!
- Sei...

Duas vezes por semana ela vem a casa de minha mãe e faz a limpeza da casa, coisa que por sinal, faz muito bem com um capricho sem igual. Mulher forte, parece até Sertaneja (mas é do litoral). Limpa tanto que minha mãe até reclama e diz:

- Essa mulher só pode ser doida!
- Sou mesmo dona Maria, sou doidinha! Hahahahahahahahahahaha!
- Mulher eu não já lhe disse que não precisa limpar tanto, ninguém sente nem uma poeirinha no pé!
- Ah! Sabe o que é dona Maria, é que eu tenho uma impaciência. Num posso ver chão que logo vou limpado. Hahahahahahahahahahaha!
- Mas mulher limpe com o rodo, coloque o pano do rodo pra ficar mais fácil.
- Se incomode não dona Maria, eu prefiro limpar assim mesmo, ajoelhada porque vejo a sujeira melhor e limpo mais direito, né! Hahahahahahahahahahaha!

Coisas assim, desse tipo.
Ira não dá moleza a sujeira, mas tem umas coisas que nem lhe conto, minha mãe fica até nervosa as vezes.
A primeira peculiaridade é que Ira não chega cedo nem a pau! Só lá pras dez!
É ela só chega lá pelas dez da matina, pois o atual marido dela o Chiquinho sai muito cedo, ela tem que se acordar de madrugada pra preparar a marmita do Chiquinho pra ele levar para o trabalho. E depois, dorme outra vez! Aí já viu não é mesmo, pra acordar de novo só lá pras nove e Ira se atrasa outra vez. Outro dia ela até me confidenciou que tinha perdido o trabalho na casa da irmã do Doutor por isso. A patroa a despediu porque ela não chegava cedo.
Mas ela também não se rebaixa e diz logo que também aquela patroa e aquela casa “... era assim maisomenu.”
Outra das tantas mugangas da Ira é a arrumação desarrumada, a danada limpa tudo cada coisinha peça por peça detalhadamente, vira a casa de pernas para o ar. Mas em compensação (não sei se isso é ruim, eu pessoalmente gosto) cada vez que a Ira vem a casa fica com uma decoração nova, cada coisa que ela limpa toma novo assento, nova localização.
É a arrumadeira mutante ninja.
A propósito disso tem um causo incrível:

Me diz ela.

- Foi no primeiro dia sabe!
- Sei.
-Eu era novata e a mulher não me explicou tudo, o Sr. sabe como é que é! Hahahahahahahahahahaha!
- Sei.
Tem que dizer tudo, mostrar tudo, e de que jeito ela quer que fique, né mesmo? Hahahahahahahahahahaha!
- É verdade.
- E pra completar a mulé ainda me provocou!
- De que jeito?
- Ela disse de odiavaaaaa sujeira, que não suportova pó!
- Nossa! Essa doeu.
- Pois é, pro senhor vê. Eu comecei a limpeza e fui de cômodo em cômodo, o Sabe como eu sou caprichosa. Tudo quanto era de poeira, sujeira fui limpando até encontrar um vaso assim mais ou menos do tamanho de um jarro de flores. Um vaso preto, com uma tampa preta! Quando abri o vaso tava sujo, fedendo cheio de pó! Eu não tive dúvidas, levei o jarro pro banheiro, joguei o pó na privada, dei descarga e depois fui lavar. Lavei bem e deixei o danado brilhando.
Coloquei lá e continuei a limpeza da casa.
- E daí?
- O Senhor não imagina!
- Imagino!
- Só ouvi o grito, o choro, o desespero a mulher gritava!
- MEU MARIDO!
- Eu saí desatinada e fui ver o que tinha acontecido e ela só dizia!
- MEU MARIDO, CADÊ MEU MARIDO?
- E eu que sei minha senhora, o que aconteceu com seu marido?
- ELE ESTAVA AQUÍ NA URNA, CADÊ MEU MARIDO?
- URNA? Que urna?
- Aquele vaso preto!!!!!!!!!
- Olha, eu travei! Como é que eu poderia saber que o pó que tava no tal vasinho preto era do marido dela! Hahahahahahahahahahaha!
- O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU MARIDO!
- Olha a senhora me desculpe mais eu joguei na privada! E dei descarga. AGORA NÃO TEM MAIS JEITO NÃO.

Pronto! É assim a Ira, uma alma boa mesmo em meio a tantos desfazeres da vida.

Cada dia ela me chega vem logo me contar sobre uma novidade da rocinha, ou da vida dela. E diz que tava anunciado que o pessoal do tráfico tinha avisado que iriam atacar o Vidigal, que era pra ela ficar tranqüila pois a comunidade da rocinha não seria atingida, e assim foi.
Creio que vocês viram na TV, transito interrompido, black-out, batida e invasão policial. Ira news já sabia de tudo. Cada dia que Ira vem é uma resenha! Uma hora me conta da história do filho que entrou pro tráfico, fez merda, o danado achou de roubar o toca-fitas (som) logo do carro do chefe do tráfico!
Pois é ele teve que fugir senão já tinha sido morto pelo dono do ponto.
O homi (fala baixinho como se ele pudesse ouvir), me avisou pra ele dar o fora, em minha consideração sabe seu Ricardo, disse que dava um dia pra ele se escafeder daqui!

Mas ela é respeitada. Resolveu construir um barzinho e fez uma puxadinha na casa dela. Quando já ia abrir, vem a presidenta da associação de moradores da favela e diz que ela não vai abrir. Entre discussões e brigas a ira que não é besta nem nada foi ver o chefe do tráfico.

- Fui logo falar com a autoridade né mermo!

Me disse que tremia mais que vara verde, quase se mija de tanto nervoso. Mas foi. Explicou a ele o acontecido e pediu pra abrir e funcionar o seu bar, ele disse pra ela que ela era considerada e permitiu. Disse que qualquer bronca mandasse falar com ele.

-E assim! A justiça do morro não tem burocracia! O senhor nem imagina se o morador da comunidade não andar direito a bala come.

- E como foi o fim da estória do seu barzinho?
- Ela, a presidenta me chega com um negão e uma marreta pra botar o meu bar abaixo e eu disse “Bota!” que depois você se explica ao chefe! Pronto. A mulher amarelou e recolheu o negão a marreta e tudo mais e foi embora cum o rabo entre as pernas.

As aventuras e desventuras de Ira são suficientes pra escrever um livro. Mas o que mais me encantou nela foi seu espírito de alto astral, seu bom humor e sua disposição pra viver.
Ri com facilidade, ri da própria miséria.
Tem valores e uma percepção “adaptada” a realidade dela.Um misto de Nordestina e Carioca (um sotaque diferente), uma Brasileira como tantas, uma alma que nos representa muito bem sim senhor.

Fui muitas vezes a convite dela, comer beber, caminhar morro acima e abaixo, fomos ao Laborioux (onde só entra quem tem permissão), comi do bom e do melhor, freqüentamos os forrós, dançamos muito e conheci uma pá de gente de bem, e outras nem tanto da comuidade.

Creio que não poderia ser de outra forma a minha despedida do Rio de Janeiro, a cidade que ainda continua maravilhosa e que tem essa gente, que vive apesar de toda a violência real e da violência midiística (promovida pelos interessados na cultura da violência).

Estou voltando pra minha terra.
Parto do Rio, depois de uma estada maravilhosa, onde vi e revi, lugares e pessoas queridas, passeei, visitei tantos eventos, bares bodegas e armazéns que sem pretensão,poucos cariocas conheceram,visitaram e freqüentaram.

Volto pra Maceió cheio de saudades e com novos olhos e idéias, fruto dessa minha vivência. Espero não demorar tanto para voltar ao Rio.
Aqui agente se nutre de coisas importantes para a alma.
Aguardem-me que as minhas lentes e retinas estão chegando pra ver e declarar todo o amor a nossa Maceió, nossa Alagoas.

Inté Já!

Isso, entre otras cositas mas, aconteceu após 3 meses de estada no Rio em 2004


terça-feira, 12 de agosto de 2008

ETERNA-MENTE


Fotografia tratada (Digitalização e tratamento)



Sabe
O momento é este
Perfeito
Eu sinto o que sentes por mim,
E eu por ti
Queria saber mais
Queria saber parar o tempo, o vento
Sentir a brisa congelada
De teu respirar
Ofegante
Calmamente
Crescente
Fazer derreter o gelo da paralisia do tempo
Nesse instante
Fazer um “para sempre”
Eterna-mente
Minha, tua vida
Parar de novo
Ré-congelar os corpos
Perpetuar
O amor
Eterna
Mente.
Novembro de 2001

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

PRINCÍPIO, MEIO E FIM


Um trago - Gravura (Silk) aquarelada sobre papel fabriano 1991


Creio e pratico o respeito
Por mim, é princípio, meio, e fim.

Respeito os meus convidados
Para a minha grande festa, a festa da minha vida
Convido a todos os que me são caros, todas as pessoas especiais que me tocam
O coração, me abraçam, beijam, me querem bem, apertam minha mão
Com carinho, respeito e atenção.

Adoro os que me fazem surpresa e chegam de forma inesperada
Fico sem jeito se esqueço alguém, em determinado momento de presença
Então todos os meus convidados são importantes

Mas não espero mais do que a hora
Por quem não vem ou atrasa.

Respeito aos convidados que vêem e estão ao meu lado na hora acordada
Não atraso festa ou lamento ausências
Curto, confraternizo com os que estão presente
São festas continuadas

E o dia dos pais é uma delas.

Obrigado aos meus filhos amados
Suas presenças nessa festa foi fundamental
Não há distância quando se ama
E isso, pra mim, é só o que importa.
Além de sabê-lo, e certo de que vocês sabem também
As amigas e amigos que lembraram de me parabenizar
Sensibilizaram minha alma.

Que maravilha é ser Pai e ter filhos tão dadivosos
Presentes no meu presente

Obrigado

sábado, 9 de agosto de 2008

EU AVISEI


Rosto e alma em chamas - Caneta bic sobre papel de caderno / 1976


Havia um lapso
Talvez um prolapso
E eu a encontro assim tão depauperada
Rugas profundas
Faces sombrias e olheiras escondidas (disfarçadas) pelos grandes óculos escuros
Que esquálida figura

Mas, eu avisei!

(Pré) Disse o que aconteceria
Por conviver e conhecer a criatura
Se escolhesse o caminho da solidão
Sozinhos, somos sempre piores
Sabedor das suas incapacidades.

Vaticinei

Pense! Será uma luta muito árdua, muito sofrimento em vão
Peço-lhe, imploro
Não opte pelo sofrimento, vamos encontrar o caminho da paz
Incontavelmente solicitei
Qual o quê, como sempre nem me ouviu, e obcecada em seu furor prosseguiu

A pior das impressões tive ao vê-la assim
Faces do terror, expressão de ira
Quase foi um susto em ver que por fim ela conseguira
Estava a seu modo a vitima perfeita
De si própria
Incapaz de amar
De se dar
Sentir
Se expressar
Incapaz.

Suas capacidades momentâneas
Restringem-se ao ódio e a dor

Por fim encontrou o caminho de obter os nutrientes de sua alma em ruínas
Beber do próprio fel, como se fosse o mais doce mel
Alimentando-se de sua própria ruína.

Tenho a mais profunda pena
E desprezo por você
Criatura burra!
Rejeitou a felicidade, por mais que ela lhe tenha batido a porta
Janela
Alma
Por anos a fio

Bem feito!

Pagou pra ver.
Desprezou, desrrespeitou
Ignorou.

Agora crueldade é seu nome
Crueldade é sua alma
Transtornada num imenso caldeirão
De maldizeres, auto piedade e incompetência
Amargor
Seu rosto não nega
Seu corpo exprime
Seus atos denunciam
A sintomatologia do sofrimento e da dor.

Que pena, e olha que eu nem tenho essas capacidades ou poderes de premonição

Mas eu avisei.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

DEIXE FLUIR


A Bailarina_001 / Bico de pena/ Nankim e aguada de ecoline sobre papel -1977


Quando pensar em complicar, controlar
Pare!
Limpe a mente!
Se agüente, seu ritimo é só seu.
Quebre!
Não nade contra a corrente.
Por um instante, sinta a energia da vida
Deixe a natureza fluir
Permita que as coisas aconteçam
Feche os olhos, ouça uma música, pratique uma dança.
Assim tudo se equilibra, não mais que derrepente
Permita a vida acontece(R)
E eu, na sua vida...
Também.

Em 20 de agosto de 2001

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

COMPLEMENTOS


Natureza morta com melancia - Óleo sobre tela / Acervo do artista


Escorrer os Pratos
Os talheres
No escorredor de Talheres
Talheres solitários
E as xícaras
Arrumar as coisas
No armário do banheiro
Com espelho
Chuveiro elétrico
No banheiro
Pra tomar aquele banhão morno
Registro e mangueira do Fogão
Na cozinha, por segurança minha
No meu quarto
Um guarda Roupas
Roupas de cama da cama pequena
A única que tenho
E a geladeira?
Como viver sem ela
Lixeira de pia
Pequenininha
02 lixeiras para banheiro
Voltando a cozinha
Panelas e tampas
Frigideira ou caçarola
Cubas de fazer gelo
Sem medo
Sozinho preciso de pouco
Só uma peneira, colheres de pau e uma cadeira.
Nem mesa é necessário, como em pé, ao pé do fogão ou fogareiro.
A esmo, talvez uns livrinhos, fininhos
Que é pra não cansar as vistas
As “oiças”, talvez escutem um sonzinho
Daqueles bem bunitinhos
Um rádio, um toca fitas, pick-uk ou player o que seja
Discos
Fitas
CD’s
Velas
Fósforo
Álcool
Uma cervejinha, ou cachaça já serve, pra quem bebe
Escova de dentes e fio dental, muito legal
Um sabonete, sabão de coco
Amaciante para as roupas e pro corpo
Um hidratante
Sabão em pó e desinfetante
Meias e cuecas dobradas
Camisetas lavadas estendidas ao vento
Essa é minha listinha
De com
Plementos.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

ERROS-SORRE (errus, erroz, herruz, êrrhus)


Casal 20 - Técnica mista, reprografia, montagem, colagem sobre papel / 1993


Como se vê acima, existem (com um pouco de boa vontade e criatividade) muitas maneiras de errar.

Sores, resor, serro, orres, resro, e outras tantas formas de tratá-los

Erro, Erro, Erro, Erro, Erro, Erro, Erro, Erro, Erro, Erro, ou de persistir.

Aí você terá um ótimo credito de erros, se tiver bom tino comercial, se for de batalhar, pode pegar esse estoque e tentar, numa casa de câmbio (cambiando los erros), trocar.
Se isso tudo valer pelo menos um acerto. Garanto!
A troca terá valido a pena.

Cometi, cometo e cometerei-os
Os meus!
Em grosso e a varejo.
Unitáriamente ou a granel.
Deprimentes ou deploráveis.
De intensidade variável.
Chateantes ou arrasantes.
Cometi, cometo e cometerei
Erros
Meus.

Então assim sendo, peço-lhe.
Cometa os seus.

É claro, depois de passado, num futuro momentaneamente remoto, eles poderão até ser motivo de risos.
Ou de dor.
De abrir feridas e alimentar o lado negro da alma com sentimentos deprimentes.
Ou, de(is)-sabor.

Ou posso mudar.

Pra cicatrizar, fortalecer a alma tornando-me mais forte, maleável e fibroso, um sobrevivente.

Cometo os meus, cometa os seus.

Mas vamos fazer um trato (se você quiser):

Aprenderemos de verdade com os erros, mas daquele jeito que só cada um de nós sabemos, dolorosamente devagarzinho (ou depressa), remoendo, mastigando, ruminando e digerindo.
Até que virem (se transformem em) outra coisa, virem um antepasto (nouvelle cuisine) aceitável, compreensível.
Pra não dar indigestão ou diarréia, num breve futuro (Logo eu que tenho intolerância alimentar).
E assim agindo eu prometo;
Vou cometer novos erros.
Cometo os meus, cometa os seus.

Sim!

Mas serão erros novinhos.
Em folha
Em verso e prosa.
Erros de ousadia
Inquietação, de busca, por amor ou afeição.
Por pensar lerdamente ou não, por pensar apressadamente, por sentir, pressentir, farejar e constatar.
Ouvir demais ou emoquecer.
Gravemente pesado ou agudamente cravado.
Por olhar de miopia, daltonismo, hipermetropia, astigmatismo ou cegueira.
Então assim ta acertado, eu cometo os meus, e você comete os seus.

E depois de um tempo tentando, aprendendo e renovando e caminhando, nessa nova postura errática.
Tudo se tornará degustavelmente, macrobioticamente deglutível, digestível e combustível.

Os meus erros e os seus.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A PELE E O PÊLO


Boroca - Bico de pena sobre papel fabriano (Capa de catálogo)


O frio traz mudanças na pele e no pêlo.
As pessoas mudam!
O frio da alma é apelo
Algumas pessoas esfriam e com isso as mudanças justificam
Total falta de zelo
Outras frias mudanças arrepiam a pele
Eriçam os capilares pelos.
Os mendigos ficarão bonitos “quando” receberem casacos de pelos
Eu por minha vez, só desejo ficar na sua pele (under de skin...)
Sussurando e apelando para que me esquentes
E você se esfregando em mim
Deixa suas indefectíveis marcas, os teus pelos.

sábado, 2 de agosto de 2008

ESSES DIAS


Eu_003 / Bico de pena, nankim sobre papel ingress - 1982


Em casa a noite, só sem você de novo
Em 8 de Outubro de 01

Esses dias tem sido mais tristes pra mim

Por você, por não te ver.
Tocar, sentir
Apalpar
Falar com o telefone, uma voz que imita a sua
Sinal que você não está
Já não me basta.
Tento, ligo de novo, sinal de ocupado. Desisto
Puno a mim e a você.

Esses dias tenho estado um pouco menos alegre

Por não ter você juntinho a mim ao deitar e acordar
Pra compartilhar
Sei, sou (tento ser) compreensivo (será?)
Que os dias de hoje nos imprime e comprime
Temos que correr
Como quem corre parado
Para canto nenhum.

Esses dias sinto-me muito sozinho

Sem seu toque o seu carinho
Ligo outra vez uma voz de mulher diz que o número é o seu
Pede pra deixar mensagem após o sinal
Pra quem?
Os sinais são tantos.
Pra mim.
Quando por fim consigo falar com você em meio a uma confusão é pra te dizer que não dá pra nos vermos, nos encontrarmos, surgiu um imprevisto, torço pra que você diga que não aceita, demonstre seu descontentamento, que ilusão.
Você compreende você é tão compreensiva, aceita, concorda.

Esses dias tem me deixado um tanto menos satisfeito

Principalmente com o seu jeito
De inverter a situação ao dizer que sente minha falta
E eu fingir surpresa, e dizer “que bom”
E você, aproveitando a deixa, dizer que sou eu que não digo o que sinto
Esses dias

Ou quem sabe, um dia desses...