terça-feira, 27 de março de 2012
OS DUELISTAS
Para quem gosta do gênero, indico.
Há de se ter uma certa "paciência", poder de observação dos detalhes minuciosos da produção e as belas paisagens. Não há filme de visual mais belo que Os Duelistas, 1977, primeiro filme de Ridley Scott ( Blade Runner, Thelma e Louise), uma produção caprichada de David Puttnam.
Fotografia, direção de arte, música, tudo é de tamanho bom gosto e requinte que resultam numa obra de arte, esteticamente falando, do cinema.
Uma das maneiras de observar a beleza deste filme pode ser conseguida utilizando a tecla "pause" do controle remoto: cada cena de Os Duelistas, parada, lembra um quadro impressionista dos mais belos.
Mas toda esta beleza não é "sem sentido". É apenas uma conseqüência de uma reconstituição de época perfeita. O primeiro longa-metragem de Scott passa-se nos bucólicos campos rurais da França do fim do século XVIII e início do século XIX, que corresponde justamente ao início, apogeu e declínio da vida política de Napoleão Bonaparte.
Era tempos de esplendor da natureza que ainda não sofria, pelo mesmo não de maneira drástica, pela ação do homem e de soldados trajando belos uniformes de seus respectivos regimentos.
Portanto, o visual absolutamente encantador não é apenas um recurso estético, mas sim, uma correta contextualização ao tempo enfocado, o que torna o filme admirável também por historiadores, que apreciarão, e muito, a tanto cuidado na retratação de todo um ambiente de quase duzentos anos atrás.
É claro que nem da bela fotografia vive este filme excepcional. Há um roteiro singular, baseado num conto de Joseph Conrad (de Nostromo e O Coração das Trevas, entre outros), chamado The Duel (em português, O Duelo).
De enredo aparentemente simples, até prosaico, ele possibilita que o filme proporcione uma abordagem brilhantes de diversos temas invulgares, através da união entre diálogos e imagens.
A honra, o absurdo, a obsessão, o sentimento de "vazio" que a vida, às vezes, nos provoca e a impotência e incapacidade do homem em tentar escapar e fugir de situações marcantes do passado nunca foram exibidos no cinema com tamanha força.
Trata da história de uma "questão" entre dois arrogantes e orgulhosos soldados franceses do exército de Napoleão. Para resolvê-la, os dois travam, no decorrer do filme, diversos duelos, prática bastante comum nos tempos medievais e que ainda era praticada na segunda metade do século XVIII em algumas partes do mundo.
O motivo dos duelos ninguém sabe explicar muito bem o porquê, de tão superficial: Tudo em nome de um sentimento e valor de época: a honra.
A partir daí, durante mais de 20 anos, os dois passaram a duelar, com pausas periódicas de alguns anos, sempre pondo em risco suas vidas em cada duelo.
Baseado no texto de: Fabio Bense.
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