Fala-se tanto que a pintura morreu (Acho que já falaram isso do Samba!), que a tendência é essa ou aquela, que isso ou aquilo remete a...
Ando de saco cheio disso!
Muito bom, muito bem!
Justificativas a parte, o que penso é que uma preguiça reinante que assola a mente, corações e mãos dos ditos artistas contemporâneos (há exeções) e suas bestiais “instalações” e intervenções absolutamente medíocres e burrificantes tentam se manter em pé sobre palafitas lúgubres e esquálidas.
Isso tudo para atender a um crescente público ignorante, semi analfabeto que não quer ter trabalho algum em pensar a arte e o fazer artístico.
Então, pra que provocar.
Pintar tornou-se palavra feia! Trabalho trabalhoso tornou-se “coisa do passado”!
Tudo isso para externar minha grata satisfação ao me deparar com o trabalho dos GEMEOS, no CCBB.
Trabalhos de grandes e médios formatos, uma verdadeira mescla da modernosidade com técnicas e materiais pra lá de contemporâneos.
Pintura, desenho, instalação, grafitte, cenário, tecnologia, enfim uma boa mistura que resulta num caldo maravilhoso.
Fico feliz em poder apreciar tal trabalho ao vivo e em cores tão vibrantes.
A técnica é apurada o cuidado com os detalhes, os temas regionais, vivos e pulsantes que retratam contos, lendas, fábulas, viagens, e a temível vida real e seu dia a dia.
São retratos de visões ou viagens a exemplo da “casa”, instalação bastante bem produzida que de tão boa foi adotada pelos garotos de rua que ficam perambulando nas imediações do CCBB, Candelária.
É incrível entrar na tal casa e se deparar com duas ou três crianças deitadas ou sentadas numa caminha lateral, frete a uma TV que exibe clipes toscos a convidar, “Entre moço, pode entrar, seja bem vindo a nossa casa.”
Fiquei bestificado! Pensei a princípio que fazia parte da instalação!
Sentei, a casa representa um barraco, e do teto um feixe de laser brinca com uma fumacinha que escapa da panela sobre o fogão. A ação do laser sobre a fumaça “dá um barato” extra, as cobrinhas e miríades com narrativa e intervenção da meninada ao lado faz você imaginar que um “transe” ou “barato” deve ser igual, e ao contrário, não é necessário droga alguma, chá algum, erva nenhuma pra ficar “ligado” na instalação.
Isso é que deve ser a arte! Revolucionária, pulsante, viva e provocante.
Ao procurar a guia e perguntar sobre as crianças no interior da casa ela solicitamente sorriu e disse;
- Essas crianças são de rua, da comunidade, vivem na Candelária e desde que a exposição começou elas todos os dias vem pra cá e ficam o dia todo aqui como se realmente fosse a casa delas...”
Creio que isso retrata o que senti!
As outras peças são bastante interessantes e construtivas também.
Tem o cubo gigante onde você se mete e ouve música, tem o estúdio de som com dezenas de caixas de som com caras, caixas de som com personalidade. No estúdio vários instrumentos de uma banda, disponíveis e a criançada não perde tempo.
Não é necessário dizer que é uma barulheira danada.
Bom, tem o FUCA!
Que trabalho.
Uma cabeça (Torço) enorme, toda de compensado, madeira reaproveitada, mdf, montada em cima de um fusquinha!
Na frente duas mãos articuladas enormes do mesmo material.
Que viagem!
Só posso dizer que fiquei muito bem impressionado e feliz.
Há tempos não via tanta modernozidade e contemporaneidade juntas!
Energia de criação, inventividade e arte viva!
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